Oh! vem! se às mágoas ando há muito afeito,
juntos podemos contra a dor lutar:
Não podem mágoas contra um peito amigo...
Oh! vem, que eu sofro! vem sofrer comigo...
E então meu peito,
Há-de acalmar!
Se sofres, sofro: quem não pisa abrolhos?
Quem rosas colhe sem lhe a mão sangrar?
Mas, quando a angústia me negar conforto
Dum pranto, ao menos, a meu peito absorto
Volve teus olhos...
Hei-de chorar!...
Oh! vem! que eu sofro! vem trazer-me a calma,
Que anelo e busco no teu puro olhar!
Se a minha estrela se apagar sumida,
Oh, surge, surge, no meu céu da vida...
E então minha alma...
Há-de exultar!...
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in Beatrice / Primaveras Românticas,
Versos dos Vinte Anos
1861-62
[Poesia Completa (1842-91) |
2001 | ed. Dom Quixote]
Antero de Quental
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