A nossa cara e branca juventude
ah branca, branca de neve,
tão infinita e tão breve,
abre por sobre nós asas de arcanjo!
Para sempre exausta, para sempre amante,
esvai-se e some em alvos horizontes.
Desaparece em alvos horizontes,
e para sempre vai.

Ah para sempre não. Pois voltará,
virá de novo, uma outra vez virá!
Com os alvos membros e sua branca graça,
nossa alva juventude voltará.
Tomar-nos-á nas suas alvas mãos
e co'um lençol talhado em sua alvura,
nívea mortalha feita dessa alvura,
cobrir-nos-á.

_____________________________________
in Primeiros poemas (1886-1904)
[90 e mais quatro poemas | 2003 |
ed: ASA ]
Constantine Cavafy
sel, transl: Jorge de Sena

interactions