Na cadeia os bandidos presos!
O seu ar de contemplativos!
Que é das feras de olhos acesos?...
Pobres dos seus olhos cativos...

Passeiam mudos entre as grades,
Parecem peixes num aquário.
Campo florido das saudades
Porque rebentas tumultuário?

Serenos. Serenos. Serenos.
Trouxe-os algemados a escolta...
Estranha taça de venenos,
Meu coração sempre em revolta!

Coração, quietinho, quietinho!
Porque te insurges e blasfemas?

Pss... Não batas... Devagarinho...
Olha os soldados, as algemas.

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in Clepsydra
1899
[Clepsydra | Seguido de traduções
de Camilo Pessanha de textos
chineses | 2021 | ed. Guerra & Paz]
Camilo Pessanha

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