Ah minha Dinamene! Assim deixaste
Quem não deixara nunca de querer-te?
Ah Ninfa minha, já não posso ver-te,
Tão asinha esta vida desprezaste!
Como já para sempre te apartaste
De quem tão longe estava de perder-te
Puderam estas ondas defender-te,
Que não visses quem tanto magoaste?
Nem falar-te somente a dura morte
Me deixou, que tão cedo o negro manto
Em teus olhos deitado consentiste!
Ó mar, ó céu, ó minha escura sorte!
Que pena sentirei que valha tanto,
Que inda tenha por pouco viver triste?
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in Sonetos
n.d.
[Versos e alguma prosa de Luís de
Camões - selecção de Eugénio de
Andrade | 1996 |
ed. Campo das Letras]
Luís Vaz de Camões (1524-80)
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