Stela, me perguntaram se permaneces no tempo. Se teu rosto de coral e teus cabelos de pedra ficarão indefinidos no espaço, pedindo sol. Ainda ontem te vi. Olhar quase estagnado. Descias azuis escadas com aquele teu xale verde. Aquele xale de Stela parecia feito d'água: verde aguado, verde aguado. Debaixo dos teus dois braços trazias rosas molhadas. Aquelas rosas de Stela e Stela me perguntando se a morte é cousa que passa. Stela, que desconsolo. Não sabes onde termina a aurora de tua presença. No tempo, se é que existes, só ficarás peregrina. Como pesa: Stela e eu. ___________________________________ I in Presságio - poemas primeiros 1950 [Da Poesia | 2017 | ed: Companhia das Letras] Hilda Hilst
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