Num vale ameno, que os outeiros fende,
Vinham as claras águas ajuntar-se,
Onde uma mesa fazem, que se estende
Tão bela quanto pode imaginar-se.
Arvoredo gentil sobre ela pende,
Como que pronto está para afeitar-se,
Vendo-se no cristal resplandecente,
Que em si o está pintando propriamente.

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in Canto Nono / Os Lusíadas
1572
[Versos e alguma prosa de Luís de Camões
- selecção de Eugénio de Andrade | 1996 |
ed. Campo das Letras]
Luís Vaz de Camões (1524-80)

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