Isola-se o poeta numa quinta
feira dispensando-lhe a missa de domingo
Vistam-lhe uma samarra e que ele não sinta
trovões ou raios nem de chuva pinga.

Dêem migas de papel, rabos de tinta
deitem-lhe cartas, levem-no ao bingo
a varapau apare-se-lhe a finta
que entre o bem e o mal bem mal distingo.

A dorso de elefante ou dromedários
chegam-se às palhinhas magos vários
aloira a carne limpa já dos ossos.

No fim da festa alinham-se os contrários
abraçados os santinhos aos falsários
fecha-se o soneto em boi pròs curiosos. 

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in Canto um
2023
[Prima Contradição | 2023 |
ed: Assírio & Alvim]
Júlio Pomar

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